Congresso de numismática em São Paulo tem raridades e até "moeda de Marte"
O estereótipo do colecionador de cédulas e moedas ainda é aquele de um velhinho que todo final de semana vai para a praça do bairro trocar seu dinheiro antigo com os amigos. Mas esta imagem está mudando. No último final de semana, entre quinta-feira (29) e sábado, eu vi vários jovens circulando entre as dezenas de mesas de venda e troca desses objetos no 21º. Congresso Brasileiro de Numismática, que aconteceu em um hotel de São Paulo.
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De fato, a maioria dos interessados por esse colecionismo ainda é formada por pessoas mais velhas, mas a presença de tantos jovens no congresso indica que a numismática é um hobby que está passando de pai para filhos e netos. O maior exemplo é Bruno Pellizzari, de 21 anos, o mais jovem diretor da SNB (Sociedade Numismática Brasileira).
Conversei com o Bruno lá no congresso e ele me disse que seu interesse pelas moedas começou há uns 10 anos após encontrar moedas antigas que sua avó guardava em uma gaveta. Ele notou que o interesse pela numismática por pessoas ainda mais jovens se intensificou há dois anos, quando foram lançadas as moedas de R$ 1 comemorativas das Olimpíadas no Brasil.
"Todo mundo tem contato com moedas diariamente. De repente, o governo começa a emitir uma série de moedas em homenagem às Olimpíadas e, ao invés de gastar, você começa a guardar porque quer completar a série. Pronto. Você já virou um colecionador", explicou. "O Brasil é um grande mercado para a numismática, temos muitas lojas físicas e virtuais".
Além do cargo na diretoria da SNB, Bruno também trabalha com compra e vendas de moedas na loja Sulamérica, na rua 24 de Maio, em São Paulo. "Há dois anos, o dono estava precisando de um funcionário e ele notou o meu interesse porque eu frequentava muito a loja e me contratou", disse. Lá na loja, ele percebeu também o interesse maior dos jovens pela numismática. "Estimo em até 30% os clientes com até 30 anos".
Congresso Brasileiro de Numismática
Para os colecionadores de cédulas e moedas, o valor de face é o que menos importa. Uma objeto muito antigo pode valer menos do que outro mais novo porque seu valor depende do estado de conservação e de sua raridade.
Lá no congresso, por exemplo, ouvi um colecionador perguntar para o vendedor quais eram as novidades que ele tinha para oferecer. E o vendedor respondeu com a maior naturalidade que não havia nenhuma novidade. "Tem que sentar aí e procurar". Em alguns momentos a numismática quase se assemelha a um garimpo.
Em outra mesa de troca, vi uma pessoa reclamar da falta de troco. "Aqui tá cheio de dinheiro do mundo todo. Só falta o dinheiro do Brasil", brincou.
Os organizadores, no entanto, não quiseram me revelar quantas peças estavam à venda nem os valores negociados. Nas bancas de venda, a resposta era sempre a mesma: "não temos nada raro ou caro por aqui". O que é uma meia-verdade, já que há sim muitas coisas raras e essa desculpa é usada por eles por causa do medo de roubo das peças, que podem chegar a valer alguns milhares de reais.
O congresso, no entanto, teve sim novidades, como palestras sobre métodos de cunhagem de moedas, cursos sobre classificação de moedas do Brasil império, exposições temáticas, lançamentos de livros e homenagens. Entre os presentes, estavam pessoas do México, Peru, Argentina, Holanda, Portugal e Estados Unidos que vieram exclusivamente ao Congresso trazendo raridades para negociar.
Curiosidades
O congresso deste ano voltou a oferecer várias moedas e medalhas curiosas. Uma delas tinha cheiro de maconha e outra continha um fragmento de um meteorito marciano que caiu na Terra há milhares de anos. Também estavam à venda moedas russas lançadas recentemente para a Copa do Mundo do ano que vem e da Alemanha nazista com o símbolo da suástica.
Também tinham cédulas com o rosto do Saddam Hussein e Che Guevara e as raras cédulas da Baiana e do Gaúcho (lançadas pouco antes do Real entrar em circulação). As famosas notas de 100 trilhões de dólares do Zimbábue também estavam à venda.
Veja algumas delas:
Numismática da zuera
Nos Estados Unidos, onde a numismática tem muitos adeptos, é comum encontrar cédulas de dólar de zuera. No congresso, era possível encontrar algumas dessas cédulas. Tem a nota de 1 milhão de dólares, já que todo mundo quer ser milionário. Tem cédula até de 1 zilhão! Entre outras zueras, eles fizeram também cédulas com o rosto do ex-presidente Barack Obama e da ex-primeira dama Michelle Obama.
Veja alguns exemplos:
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