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Pabllo Vittar vai estampar nova nota de R$ 50. Gente! Isso é verdade?

Felipe Branco Cruz

21/02/2018 10h28

Montagem com o rosto de Pabllo Vittar na nota de R$ 50

No último final de semana, recebi alguns e-mails de leitores do blog pedindo para eu comentar o boato de que Pabllo Vittar estamparia a "nova nota" de R$ 50. A notícia é mentirosa e não é muito difícil desmascará-la.

Mas a "fake news" (como Donald Trump gosta de dizer) saiu do controle. A maioria das pessoas levou na brincadeira, mas teve gente que acreditou na história. Até duas petições no site de abaixo-assinados Avaaz ela ganhou: contra e a favor de estampar o rosto da artista nas cédulas brasileiras.

Ironicamente, o autor do boato é Gilmar Lopes, criador do site e-farsas, especializado justamente em desmentir as mentiras que circulam na internet.

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Como nasce um boato?

Conversei com Gilmar, e ele me explicou que tudo começou com uma postagem no Twitter no dia 16 de fevereiro e a frase: "Gente! Isso é verdade?". Pronto, a mágica estava feita.

"Eu queria entender como nasce uma fake news. Como são criadas? Onde vivem e do que se alimentam?", ele me disse. "Há 16 anos me dedico a desmascarar os boatos da internet. Desta vez, fizemos o contrário, para ver até onde ele iria", afirmou.

E foi longe e rápido. Bastou um dia para a notícia viralizar.

Alguns posts no Facebook e no WhatsApp, cheios de erros de português, diziam que "um projeto da Casa da Moeda já estava sendo encaminhado a 'câmera' de vereadores".

Print de uma mensagem que circulou no WhatsApp

Gilmar publicou no dia seguinte um post explicando a história toda, mas o boato já tinha ganhado vida própria.

Ele me explicou que, a partir de sua experiência no site, um desmentido nunca tem a mesma força do boato. O desmentido é sempre mais fraco.

"A notícia falsa vai e vem todo ano", disse. Um exemplo recente é a suposta morte de Sylvester Stallone, a partir de uma foto do ator interpretando o personagem Rocky Balboa, que sofre de câncer no filme "Creed". A notícia de sua morte circulou em 2015 por causa do lançamento do filme e voltou agora por conta das gravações de "Creed 2".

Até Anitta e MC Loma entraram na história

Até o site de humor Sensacionalista, que só divulga notícias falsas, entrou na brincadeira com o texto "Boato de Pabllo Vitar nas notas de R$ 50 é viral da segunda temporada de 'La Casa de Papel', confirma Netflix". Para quem não sabe, "La Casa de Papel" é uma nova série da Netflix sobre um assalto à Casa da Moeda da Espanha.

Neste texto, o Sensacionalista confunde (e diverte) ainda mais ao dizer que a história era mesmo um boato, porém criado pela Netflix, e que Anitta e MC Loma também iriam estampar as cédulas de R$ 20 e R$ 100.

(imagens: Reprodução/Sensacionalista)

Casa da Moeda não fez notas do Goku

Boatos na numismática não são raros. Dentre os absurdos já desmentidos pelo site de Gilmar estão várias notícias que envolvem cédulas e moedas, como: "Demitido o funcionário que deixou imprimir cédulas com o nome de Goku" ou "Samsung paga Apple com caminhões de moedas de 5 centavos" ou ainda "Ministério da Cultura gasta 4 milhões com o Memorial do Funk". Todas falsas, obviamente.

A fotomontagem de cédulas com valores exorbitantes ou a troca das efígies das notas também não é nenhuma novidade. Nos Estados Unidos, por exemplo, é muito comum ver cédulas com o rosto de Barack Obama ou notas com valores de US$ 1 milhão ou US$ 1 zilhão.

Veja abaixo alguns exemplos destas cédulas que encontrei à venda em um congresso de numismática aqui em São Paulo. Resta saber se também vamos achar notas de Pabllo Vittar (de mentirinha, é claro) à venda por aí…

Cédulas de US$ 1 milhão (imagem: Felipe Cruz)

Cédulas de US$ 1 trilhão e de US$ 1 zilhão (imagem: Felipe Cruz)

Cédulas com as efígies de Barack Obama e Michelle Obama (imagem: Felipe Cruz)

Como desmascarar uma notícia falsa?

Para desmascarar e combater uma notícia falsa, os leitores precisam ir além da leitura do título da reportagem e desconfiar do assunto –por exemplo, quando ele for muito absurdo, quando o texto contiver muitos erros de português ou adjetivos exagerados.

"Agora está mais fácil pesquisar se a notícia é falsa ou não. Por exemplo, se um político disser que o Brasil gerou mais emprego neste ano na história, dá para checar com os dados oficiais. Está ficando mais transparente", afirmou Gilmar.

Com a popularização das "fake news", nos últimos anos surgiram diversas iniciativas especializadas em checar as informações, que podem ajudar os leitores. Entre elas, UOL Confere, Aos Fatos, Agência Lupa e Truco.


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Sobre o Autor

Felipe Branco Cruz coleciona moedas e curiosidades. É jornalista com mais de 10 anos de experiência, com passagem pelos principais veículos de comunicação do país. Atualmente é repórter de entretenimento do UOL, onde escreve sobre cultura pop, música, cinema e comportamento.

Sobre o Blog

Cara ou Coroa é o blog de numismática do UOL. Por aqui você encontra reportagens e curiosidades sobre as cédulas e moedas do Brasil e do mundo.

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