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Moeda de cinco centavos dos EUA é vendida por US$ 4,56 milhões em leilão

Felipe Branco Cruz

17/08/2018 08h39

Moeda de cinco centavos de dólar vendida por US$ 4,56 milhões

Uma moedinha centenária de cinco centavos de dólar americano, de 1913, foi comprada em um leilão nesta quarta-feira (15) pela bagatela US$ 4,56 milhões.

Imagino que agora você deve estar pensando naquela moedinha antiga que seu avô deixou guardada na gaveta e calculando se ela também vale milhões. Não, não vale.

Esta peça só atingiu este valor porque conseguiu aliar uma rara combinação de três fatores que elevam o preço de qualquer moeda: estado de conservação, raridade (só existem cinco exemplares conhecidos no mundo) e a história por trás da sua fabricação.

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Em um artigo escrito para ser publicado no Boletim da Sociedade Numismática Brasileira, o numismata Bruno Pellizzari conta que não há registros da fabricação desta moeda no ano de 1913 na US Mint (a casa da moeda americana), embora ela tenha sido feita por lá. A partir daí, surgiram várias teorias para explicar a sua ínfima produção.

A moeda, conhecida como "Liberty Head" (porque tem a efígie da Liberdade), foi cunhada oficialmente até 1912. No ano seguinte, ela foi substituída pelo "níquel do búfalo" (embora traga um desenho de um bisão). Mas o design não foi aprovado até o final de fevereiro de 1913. Portanto, durante dois meses, nenhuma moeda teria sido emitida. De alguma forma, no entanto, cinco peças da "Liberty Head" com o ano 1913 foram feitas neste período.

Sabe-se que a moeda foi cunhada na US Mint da Filadélfia e há duas hipóteses para ela ter sido feita. Uma delas diz que elas foram cunhadas e logo trocadas com colecionadores. A outra diz que elas foram feitas de forma particular lá dentro, só como teste, e acabaram vazando para o mercado.

Moeda de cinco centavos do "níquel do búfalo"

Leilão

A peça foi leiloada durante a "World's Fair of Money", organizada pela "American Numismatic Association", na Pensilvânia, na Filadélfia. A estimativa era de que a moeda atingisse entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões. Embora alto, o valor final da venda, de US$ 4.560.000, ficou dentro do esperado.

A moeda pertenceu ao numismata Louis Eliasberg (1896-1976), que ficou conhecido por ter a única coleção completa de moedas dos Estados Unidos, a maioria na melhor condição possível. A moeda de 5 centavos de 1913, por exemplo, foi graduada como Proof 66, em uma escala que vai até 70 (quanto mais alto o número, melhor o estado de conservação).

Louis Eliasberg exibe sua coleção em uma reportagem no "Sun"

Esta moeda, no entanto, já custou mais caro. Depois de Louis, ela foi comprada por outro colecionador, William Morton-Smith, por US$ 5 milhões, e revendida agora no leilão por um pouco menos do que isso.

Das outras quatro moedas restantes, duas estão em museus (uma no Smithsonian Institute, e ela já pertenceu à coleção do rei Faruque, do Egito, e a outra no Money Museum, da American Numismatic Association, em Colorado Springs) e duas em coleções particulares.

Vale lembrar que esta moeda não é a mais cara já vendida no mundo. Para citar apenas dois exemplos mais caros: uma moeda de silver dollar, de 1794, chamada de "Flowing Hair", foi vendida em 2013 por US$ 10 milhões. Em 2002, uma outra moeda americana, de 1933, chamada de "Saint-Gaudens Double Eagle", foi vendida por US$ 7,5 milhões.

Peça original exposta na casa de leilões


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Sobre o Autor

Felipe Branco Cruz coleciona moedas e curiosidades. É jornalista com mais de 10 anos de experiência, com passagem pelos principais veículos de comunicação do país. Atualmente é repórter de entretenimento do UOL, onde escreve sobre cultura pop, música, cinema e comportamento.

Sobre o Blog

Cara ou Coroa é o blog de numismática do UOL. Por aqui você encontra reportagens e curiosidades sobre as cédulas e moedas do Brasil e do mundo.

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